domingo, 19 de outubro de 2008

Schuman, uma Vocação Política

Robert Schuman nasceu em 29 de junho de 1886 em Clausen, Luxemburgo. De família humilde o jovem frequentou a escola primária e secundária em Luxemburgo. Tendo realizado estudos superiores de Direito na Alemanha, em Berlim, Munique, Bonn e Estrasburgo, ele abriu um gabinete de advocacia em Metz em junho de 1912. Dois anos mais tarde, a Primeira Guerra Mundial começou; Robert Schuman foi dispensado por problemas de saúde.

Schuman admirava sua mãe Eugenia Duren, que era luxemburguesa de Bettemburgo e que se casara em 1884 com Jean-Pierre Schuman. Ele havia passado a maior parte de sua infância com ela, pois seu pai trabalhava o dia todo no campo. Sua mãe era muito sensível e piedosa, fato que iria marcar profundamente a vida e atos de Robert Schuman.

Sentindo-se chamado à política, Robert Schuman entrou em 1919 no Parlamento como deputado da Moselle graças a reunificação de Alsácia-Lorena à França. Tendo desempenhado, com muita coragem e força, a defesa de projetos que contribuiriam para o bem comum, Schuman era admirado por sua coerência e alcançou grande prestígio até mesmo entre seus adversários. Era seu costume participar cotidianamente da santa missa antes de ser dirigir ao parlamento.

Em 1939, uma nova guerra se iniciou e, em março de 1940, Robert Schuman foi nomeado subsecretário de Estado para os Refugiados. Foi preso pela Gestapo em Lorena, sendo colocado secretamente na prisão de Metz em 14 de setembro do mesmo ano, dia de Nossa Senhora das Dores. Neste período de clausura, Robert Schuman passou os dias como um monge acompanhado de seus seletos livros. Schuman via tudo com muita serenidade e, segundo ele, estes dias de prisão foram um período de “diálogo interior permanente”. Tendo sido mais tarde transferido para Neustadt, no Rheinland-Pfalz, em 13 de abril de 1941, ele conseguiu fugir e alcançar a zona livre em agosto de 1942, passando pela abadia de Ligugé.

Quando a França se tornou de novo livre, retomou a carreira política. Foi ministro das Finanças em 1946, presidente do Conselho de Ministros de 1947 e 1948; ministro dos Negócios Estrangeiros durante quatro anos. Mais tarde Robert Schuman tornou-se ministro francês das Relações Exteriores. Foi neste cargo que, em 9 de maio de 1950, com uma histórica declaração, propôs aos Estados que tinham combatido durante a Segunda Guerra Mundial que fosse colocada em comum a produção de carvão e de aço, que fora a causa de seculares inimizades entre a França e a Alemanha. Da reconciliação entre estes dois países, nasceu a primeira Comunidade Européia, inspirada em princípios cristãos, e dessa, mais tarde, a atual União Européia. Nessa ação, Schuman foi ajudado por dois fervorosos católicos: Konrad Adenauer e Alcide De Gasperi. A sua declaração de 9 de maio foi histórica e marcou profundamente a Europa e a humanidade. Pois, o que ele fez foi colocar lado a lado nações que haviam se combatido na Segunda-Guerra mundial em busca dos mesmos objetivos, o que era impensável até então. Schuman acreditava na providência divina e, neste caso, ele realmente foi um instrumento dela. Segundo ele, “a paz mundial não poderá ser garantida sem a criação de esforços proporcionais aos perigos que a ameaçam. Para manter a paz, é indispensável a contribuição de uma Europa vital e bem organizada”.

No seu livro Pela Europa, Schuman escreveu: "A democracia nasceu no dia em que o homem foi chamado a realizar, na sua vida temporal, a dignidade da pessoa humana, na liberdade individual, no respeito pelos direitos de cada um e com a prática do amor fraterno para com todos. Jamais, antes de Cristo, tinham sido formuladas tais idéias". Acrescentava que "a democracia será cristã ou não será democracia. Uma democracia anticristã será uma caricatura, que resultará em tirania ou na anarquia".

Robert Schuman morreu em 4 de Setembro de 1963 e por ter vivido a santidade na vida na política, em 9 de junho de 1990, Mons. Raffins, Bispo de Metz abriu o processo de beatificação na capela das irmãs servas do Coração de Jesus. Atualmente encontra-se na Congregação para as Causas dos Santos na Santa Sé para exame. No dia 3 de março de 2004, João Paulo II declarou que "temos de estar presente nos grandes debates que têm lugar no nosso país e sobre o futuro da Europa, contribuindo para dar uma alma para o Continente, como Robert Schuman teria desejado, cujo processo de beatificação será concluído muito em breve". É através do exemplo político de Robert Schuman que se pode falar “sem caricatura e fábulas” em “santidade na política”.

Nota biográfica preparada por Diego da Silva, membro do nuec,
Belo Horizonte, Outubro de 2008

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