domingo, 1 de fevereiro de 2009

Tolkien: O Último Bardo


John Ronald Reuel Tolkien nasceu em 3 de Janeiro de 1892 em Bloemfontein na África do Sul. Teve uma infância tumultuada por problemas respiratórios, que pioravam por causa do clima rigoroso e poeirento, infecções oculares e enfermidades cutâneas.

Depois da morte de seu pai, em 1895, Tolkien se viu em uma nova realidade. Foi morar na aldeia de Sarehole, com a mãe e o irmão. Foi o período em que desenvolveu seu gosto pelas línguas e pela mitologia. Em 1900, sua mãe teve de se mudar para o suburbio de Moseley, em Birmingham, devido à sua conversão ao catolicismo iniciada em 1899, a qual causara o abandono financeiro da família. Tanto as impressões positivas de Sarehole quanto as negativas de Moseley juntamente com a têmpera e a força de caráter de sua mãe que foi católica até o fim, marcaram de modo indelével todo o seu trabalho. Em sua velhice, em uma carta a seu filho Michael, afirmou que fora inspirado pelo catolicismo da sua mãe, que tinha uma grande paixão pelo Santíssimo Sacramento.

Outra figura importante que ele conheceu no período em que sua mãe voltou a morar em Birmingham foi o padre Francis Morgan Xavier, que acolheu sua mãe, dando-lhe melhores condições de vida em seus últimos dias e, por fim, tornou-se como um pai para ele e seu irmão na ausência de sua mãe. Ele era um dos sacerdotes do oratório de Birmingham, fundado pelo cardeal John H. Newman.

Depois da morte de sua mãe, ele e o irmão foram morar com a tia Beatriz Suffield, esta de características severas e amargas. Não ligava muito para o que os dois faziam. Seus dias eram passados ao lado do padre Francis. Por saber que não estavam bem, o padre Francis arranjou-lhes um lugar mais agradável na pensão dos Faulkner, casal muito alegre e animado.

Nessa casa feliz, ele conheceu Edith Bratt, com quem anos depois viria a se casar. Ali, ele começou a namorá-la. O padre Francis, preocupado com os estudos de Tolkien, proibiu seu romance com Edith até que ele completasse 21 anos. Relutantemente, ele obedeceu, pois sabia que o padre Francis somente desejava o melhor para ele.

Tal período foi uma época crucial na formação de seu caráter. Ele se dedicou com afinco aos estudos, distinguindo-se no plano acadêmico e a escola King Edward’s passou a ser o foco de sua vida. Lá, fundou um grupo de estudos com outros três colegas (Cristopher Wiseman, Robert Gilson e Geofrey Bach Smith) os quais receberam o título de bibliotecários e eram alunos monitores. O referido grupo, que ficaria conhecido como T. C. B. S. (Tea Club, Barrovian Society), continha os mais brilhantes rapazes do ano que logo seriam agraciados com a residência de estudantes de Oxbridge. Ao fim desse ano, ele conseguiu uma exhibition (bolsa de 60%) e mais uma outra bolsa conferida pela King Edward’s, por ter entrado em Oxford, e a generosa mesada do padre Francis que possibilitariam realizar o seu curso.

Em Oxford, Tolkien era um típico universitário de classe média baixa. Se juntou a sociedades de debate, de redação e de dialética. Lá, ele começou a fumar cachimbo e beber cerveja, além de ter relaxado em sua prática religiosa. Devido às questões de vida que enfrentava naquele período, só conseguiu obter uma segunda classe deixando os mestres em Exeter decepcionados. Contudo, em razão da peculiaridade de seus resultados, os Fellows, membros do conselho da universidade, chefiados pelo reitor, recomendaram que ele mudasse do curso de letras clássicas para língua e literatura inglesas, curso em que estaria mais identificada e obteria mais sucesso.

Logo que completou 21 anos, Tolkien reatou com Edith só para descobrir que estava noiva de outro, por medo de ser deixada de lado. Ele aproximou-se dela e, após horas de conversa, esta rompeu o noivado por concluir que ele ainda a amava. Casou-se com Edith pouco antes de servir à Inglaterra por ocasião de Primeira Guerra Mundial. Foi uma relação saudável e produziu muitos e bons frutos. Tolkien sempre foi um pai amoroso e presente para seus quatro filhos.

Tolkien recebeu algum treinamento militar e, pouco depois de se casar, foi para o front. Foi uma experiência trágica e marcante em sua vida. Lá, ele perdeu dois grandes amigos do T. C. B. S.: Robert Gilson e Geoffrey Bach Smith. Em seis meses, ele contraiu febre das trincheiras e passou os dois anos seguintes em tratamento e convalescença. Enquanto convalescia começou a escrever alguns contos de O Silmarillion.

Tolkien passou a trabalhar no The New English Dictionary em Oxford. Começou a dar aulas particulares para estudantes universitários. Em 1920, ele aceita o cargo de reader (professor universitário), em Leeds. Em Outubro de 1925, é nomeado professor titular da cátedra Rawlinson e Bosworth de anglo saxão na universidade de Oxford. Ele incentivava e cultivava a formação de grupos de estudo para os alunos e professores tais como The Coalbiters e os Inklings.

Em Setembro de 1937, sua primeira obra, The Hobbit, é publicada. No verão de 1945, é nomeado professor titular de língua e literatura inglesas do Merton College em Oxford. Em agosto de 1954, é publicado The Lord of the Rings – The Fellowship of the Ring. Em novembro do mesmo ano, é publicado The Lord of the Rings – The Two Towers, e em outubro do ano seguinte, The Lord of the Rings – The Return of the King. Estas obras revelariam sua profunda religiosidade católica em suas entrelinhas. Em 1957, os manuscritos originais de The Lord of the Rings e The Hobbit são vendidos para uma universidade estadounidense.

Em 1959, ele se aposenta de seu professorado. Depois de sua aposentadoria, Tolkien viveu com sua esposa uma vida farta, dando-se a certos luxos, graças ao enriquecimento que a sua obra maior lhe tinha proporcionado. Faleceu em 2 de Setembro de 1973, devido a uma úlcera gástrica não identificada pelos raios x.

Nota biográfica preparada por Fábio C. Rabelo, membro do nuec,
Belo Horizonte, Fevereiro de 2009

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