No próximo domingo, dia 3 de outubro, haverá eleições federais no país. O panorama é desolador; qualquer um dos candidatos com possibilidades reais de ganhar representam uma ameaça aos diretos fundamentais derivados da ordem natural. Tanto Dilma Rousseff quanto José Serra são favoráveis, na prática, à implantação da agenda global de políticas públicas que pretendem desmontar o estatuto humano embrião, vulnerar a salvaguarda dos direitos do nascituro, e reformular a constituição da família, para já não ser mais compreendida só a partir do matrimônio como união indissolúvel e complementar entre um homem e uma mulher. Porém, com um eventual governo de Serra há alguma possibilidade maior de neutralizar tais tentativas; com um governo de Dilma, todavia, a margem de atuação será limitadíssima, devido ao projeto autoritário que ela representa e ao seu histórico político-revolucionário.
É verdade que no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Brasil desenvolveu-se positivamente no âmbito econômico e, apesar da forte crise financeira internacional, hoje ocupa um lugar de destaque entre os chamados países emergentes. Mas o governo do Partido dos Trabalhadores deve ser avaliado de forma integral. Houve uma forte regressão na transição democrática que o país vem experimentando desde o fim dos governos militares. Houve um retrocesso na luta contra a corrupção, na promoção e proteção da vida e da família, nas garantias à liberdade de imprensa e expressão; a Bolsa Família foi operada sem montar as devidas janelas de saída, tornando-se mecanismo de controle eleitoral; o Estado terminou quase que aparelhado pelo partido que está no poder e, por falta de vontade política, não houve nem a reforma política, nem a reforma fiscal.
Diante dessa situação e da próxima conjuntura eleitoral, apresentamos neste número alguns textos do Magistério que podem ajudar a orientar o próprio voto, incluindo uma pequena explanação sobre a doutrina do mal menor, que bem poderá ser usada por muitos no primeiro domingo de outubro. Damos destaque, na íntegra, a quatro pronunciamentos corajosos que quebram o incompreensível silêncio que vem caracterizando muitos dos nossos pastores: são textos do Regional Sul 1 da CNBB, de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo de Guarulhos, em São Paulo; Dom Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul; e de Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro, Bispo de Oliveira, em Minas Gerais. Também lhes oferecemos dois artigos, um sobre os critérios que deveriam orientar o voto dos católicos, do sacerdote espanhol Fernando Pascual, docente de filosofia e Bioética no Ateneu Pontificio Regina Apostolorum, em Roma; e outro de tom mais jornalístico, do leigo e teólogo americano George Weigel, onde - no contexto da eleição presidencial norte-americana que levou Barack Obama ao poder- responde na revista Newsweek se um católico pode licitamente apoiar um político favorável ao aborto. Na arte, pinturas do estadunidense David Castle (a que abre este Pórtico leva por titulo Election day: Hope and the oppressors, de 2008).
Finalmente, nesta semana queremos encorajar aos católicos a participar, a não deixar de votar apesar de não ter as opções ideais, a exercer o sufrágio com responsabilidade. Votar é um ato moral. Convidamos todos a fazer o possível para levar para o segundo turno esta eleição, sabendo que, depois, seja qual for o resultado eleitoral, deveremos trabalhar para restaurar a fibra moral da Terra da Santa Cruz.
Boa Leitura.
OS EDITORES.
Sem comentários:
Enviar um comentário