domingo, 26 de outubro de 2008

Os Estudos Superiores e o Católico

Os estudos universitários se orientam habitualmente até a vida profissional. Este é seu primeiro objetivo. E nele deve o estudante empenhar seus esforços. Mas limitar-se somente a isso é correr o risco de perder uma época capital da vida. Entre os 18 e 25 anos, período em que geralmente se situam os estudos superiores, o horizonte do conhecimento se amplia, o peso do saber se multiplica, o pensamento pessoal se desprende de sua carga protetora, a ordem do mundo é submetida a exame. Este período de crescimento interior acelerado deve desapegar-se em todas as dimensões do ser. Por que se não, o conhecimento será unilateral, fragmentado, dualista. E isso seria como um encarceramento ideológico, a despersonalização, a evasão no subjetivismo.

O cristão que empreende estudo superior oferece a seu espírito uma dupla exigência: alimentar sua fé e aprofundar na cultura religiosa. As cidades universitárias oferecem múltiplas ocasiões para subir mais alto no aspecto luminoso da existência, que é a fé: ciclos de conferências, cursos de formação, círculos de estudos, retiros espirituais, oração em comunhão... Descuidar destas ferramentas de afinamento do espírito é correr o perigo de ficar estancado, de empobrecimento interior. E fazer ouvidos surdos a chamada de Deus. Ademais, há a leitura. A fase dos estudos é a da exploração, dos descobrimentos. A leitura leva sem esforços a regiões inexploradas. Junto a leitura entretida há que reservar um tempo a que vai tecendo a cultura religiosa e alimenta a fé: História da Igreja, vidas de santos, alguns livros substanciosos de espiritualidade, não deveriam faltar nas estantes do estudante cristão.

Diante de tudo a Bíblia, Palavra de Deus, palavra de vida, são “como partículas eucarísticas” (São Jerônimo). E que perpassa como a “espada do espírito”. Tempo de estudos, tempo privilegiado para “dar cumprimento a Palavra de Deus” (Col 1,25) em um mesmo.


RENÉ LEJEUNE, Robert Schuman: Pere de l'Europe, París, 2000

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